EVOLUÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA RAIVA NO BRASIL NA ÚLTIMA DÉCADA: UM ESTUDO RETROSPECTIVO

Autores

  • Hellycláudia Chaves Centro Universitário FACOL - UNIFACOL
  • Alisson Alves Macêdo Centro Universitário Maurício de Nassau – UNINASSAU
  • Denny Parente de Sá Barreto Maia Leite Centro Universitário FACOL – UNIFACOL
  • Ana Greice Borba Leite Centro Universitário FACOL – UNIFACOL

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.16648312

Palavras-chave:

Antropozoonose, Lyssavirus, Vigilância Epidemiológica, Saúde Pública

Resumo

A raiva é uma antropozoonose viral de alta letalidade que afeta humanos e animais, sendo transmitida principalmente pela saliva de animais infectados. No Brasil, a doença apresenta variações regionais, com ciclos distintos em ambientes urbanos, rurais e silvestres. Este estudo epidemiológico descritivo retrospectivo analisou os casos de raiva no país entre janeiro de 2015 e agosto de 2024, com base em dados secundários obtidos de fontes oficiais. Foram incluídos apenas registros confirmados em humanos e animais, abrangendo cães, gatos, morcegos hematófagos e insetívoros, além de herbívoros como bovinos e equinos. Os resultados indicam 33 casos de raiva humana em 16 estados, distribuídos por todas as regiões do Brasil. Em relação à raiva animal, registraram-se 184 casos em cães, 54 em gatos, 154 em morcegos hematófagos, 2.859 em morcegos insetívoros e 4.452 em herbívoros. Houve uma redução progressiva nos casos em cães e gatos ao longo dos anos, refletindo a efetividade das campanhas de vacinação, embora surtos esporádicos no Nordeste reforcem a necessidade de vigilância contínua. Os morcegos desempenharam um papel central na epidemiologia da doença, com os insetívoros predominando nas regiões Sudeste e Nordeste, onde os casos atingiram picos em 2019 e 2023. Já os hematófagos foram mais prevalentes no Nordeste e estiveram associados à transmissão para herbívoros, que representaram a categoria animal mais afetada. O Sudeste e o Centro-Oeste registraram o maior número de casos em herbívoros, com um pico expressivo no Sudeste em 2018 e um aumento no Sul após 2021. A análise evidenciou a necessidade de estratégias de controle regionais específicas, incluindo o fortalecimento da vacinação de cães e gatos no Nordeste, a intensificação do manejo de morcegos no Sul e Sudeste e a proteção de rebanhos em áreas de maior risco. Além disso, a vigilância da raiva em animais silvestres e ações de conscientização da população sobre os riscos da doença são fundamentais para reduzir sua incidência no país.

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Publicado

2025-08-01

Como Citar

Chaves, H., Alves Macêdo, A., Parente de Sá Barreto Maia Leite, D., & Greice Borba Leite, A. (2025). EVOLUÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA RAIVA NO BRASIL NA ÚLTIMA DÉCADA: UM ESTUDO RETROSPECTIVO. GESTUS MULTIDISCIPLINAR, 1(1), 54–59. https://doi.org/10.5281/zenodo.16648312

Edição

Seção

Artigos Científico